NÓS

Chapter 23: Capítulo 22



Chapter 23: Capítulo 22

Semanas antes, primeiro dia de carnaval.

Lya.

— Filha, seus amigos estão na sala te esperando — minha mãe apareceu na porta do quarto e eu

assenti terminando de passar o rímel.

Não podia estar mais feliz, o carnaval tinha começado e pra ficar junto ao tema meu coração estava

igual uma escola de samba.

Não via a hora de ver os gatinhos.

Peguei meu celular e dentro da capinha do mesmo coloquei minha identidade com dinheiro, não curtia

sair de bolsa e ainda mais para esses lugares.

Natália, Pedro e Gusta estavam me esperando na sala e em uníssono disseram "uau".

— Incrível — Gusta me analisou — Você demorou mil anos para se arrumar e voltou a mesma merda.

Desfiz o sorriso e dei o dedo médio para ele que riu e fez um coração com as mãos.

Idiota.

— Tá linda, amiga — mandei um beijo no ar para Naty.

— Você também.

Ela estava fantasiada de fada, tinha caprichado na maquiagem e se enchido de porpurina, estava um

arraso a bicha.

Mas é aquilo né, se não for pra causar é melhor nem ir.

— É, da para o gasto — joguei uma almofada em Pedro que me tacou de volta.

Me despedi da minha mãe e saímos. Esse ano a Manu não iria passar conosco e no início até fiquei

desanimada mas ela disse que não queria me ver desse jeito pois não combinava comigo e nós ainda

passaríamos milhares e milhares de carnavais juntas.

Levamos uns vinte minutos para chegar na orla de Copacabana e a mesma estava lotada.

Não era surpresa pra ninguém.

Gusta e Pedro foram comprar bebidas para nós e mesmo sem uma gota de álcool na boca eu já

rebolava o funk que tocava.

Eu gostava de aproveitar cada minuto da melhor época do ano, até porque são apenas quatro míseros

dias.

Vacila quem quer, eu que não posso.

Eles voltaram com quatro copos enorme de caipirinha e deram um pra mim e um para Naty.

— O que ficar menos bêbado é o cabeça do grupo — Pedro bebericou sua bebida.

— Essa responsa não é pra mim — ri.

— Nem pra mim — Naty ergueu as mãos rindo.

— Então tá todo mundo fodido — Gusta passou o braço em volta da cintura de Naty.

Eu e Pedro olhamos com os dois arregalados, não acreditávamos que tínhamos ficado de pista.

— Sem manu e nem Naty esse ano, que fase — bufei e eles riram.

Esses dois são enganavam ninguém, só achavam.

Ficamos no meio da muvuca e bastou dois copos de 700ml de caipirinha para ficarmos no brilho.

Dançava todas as músicas que tocavam e já tinha ficado com uns três meninos.

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Eu esperava que a senhorita Manuela estivesse fazendo o mesmo porque foi desse jeito que eu a

criei.

Pra uns piranha mas pra mim era só o que os homens fazem diariamente e todo mundo acha normal.

Se eles podem porque as mulheres não podem?

Da um tempo né.

A hora tinha passado voando, eram oito horas e eu não estava mais em mim e nem Naty. Os meninos

tinham sumido e não era gente que ia ficar paradas esperando por eles.

Eles que lutassem.

Nós dançávamos muito e cantávamos também, fizemos até amizade no meio do bloco. Eu estava

dançando com Paula, umas das meninas que fizemos amizade quando esbarraram em mim com tudo,

por pouco não cai no chão.

— Olha por onde anda caralho — gritei.

— É jeito de falar com um velho amigo?— o reconheci pela voz.

Era um azar do caralho esbarrar com esse moleque logo aqui no bloco onde tem trilhões de pessoas.

— Amigo? — ri debochadamente — Sério, gael?

— Assim eu fico triste — fez beicinho — Não tô vendo minha loirinha contigo — olhou em volta.

— Acho que ela deixou de ser sua a muito tempo — arqueei a sobrancelha — Quer que eu te lembre

como que foi?

— Sempre muito engraçadinha você, né Lya? — bebericou sua cerveja.

— É que eu vim de um circo, sabe? Aí tenho toda aquela coisa de palhaça — fingi um sorriso.

— Deixa eu te falar uma coisinha — encostou sua boca em meu ouvido — Só acaba quando eu dizer

que acabou e manda um beijo pra minha loirinha, tô com saudades.

Fiquei estática, ao mesmo tempo que tinha entendido eu não tinha entendido ou não queria entender o

recado.

Gael apesar de passar uma visão de uma pessoa boa ele era completamente perigoso e maluco. Naty

perguntou se eu estava bem e eu assenti, não queria falar de Gael e suas maluquices.

Até porque ele é a Chernobyl em pessoa, vou querer falar dessa radiação pra que?

Arquivei o que tinha acontecido e curti meu carnaval, não iria ser esse pedaço de vela, esse branco

azedo que iria estragar ele.


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